
Medicina Dentária
O BRANQUEAMENTO DENTÁRIO
No âmbito da Medicina Dentária, a área dentística estética
constitui uma das formas mais equilibradas, no que respeita à
relação custo/beneficio, de proporcionar tratamentos com
repercussões estéticas rápidas a uma grande faixa da população.
Neste contexto, os branqueamentos dentários têm assumido um
papel de relevância e popularidade crescente. Contudo, atendendo
a que um dos princípios básicos da prestação de cuidados de
saúde assenta na execução dos tratamentos mais adequados e
na prevenção de qualquer ato de natureza iatrogénica (perturbação
provocada pelo próprio procedimento médico), é pertinente que
se esclareçam os pacientes sobre as técnicas mais eficazes e
seguras, “desmascarando” alguns conceitos e métodos construídos
com base em estratégias de marketing e, pelo menos atualmente,
desprovidos de fundamentos científicos que os indiquem como
tratamentos de primeira escolha. Neste folheto abordaremos
essencialmente as técnicas de branqueamento dentário aplicadas
em dentes vitais.
OS BRANQUEAMENTOS DENTÁRIOS SÃO EFICAZES E SEGUROS?
Embora existam referências muito antigas aos branqueamentos
dentários, foi a partir do final do século passado que se deu a
verdadeira socialização deste tipo de tratamentos. Existem hoje
diversos materiais e técnicas de branqueamento que, desde que
selecionados e usados corretamente, permitem resultados
eficazes de forma segura. Embora existam disponíveis no mercado
(supermercados, farmácias, TV-Shops, etc) produtos de venda livre
publicitados como branqueadores, nenhum paciente deve optar
pelo seu uso, pois para além da sua menor ou duvidosa eficácia
e da ausência de certificação e controlo de qualidade, constituem
opções pouco seguras. Inversamente, existem também técnicas
de uso exclusivamente profissional que, embora potencialmente
eficazes, não estão devidamente estudadas no que se refere à sua
segurança a médio e longo prazo. A importância deste binómio
eficácia/segurança remete-nos de imediato para as questões
seguintes.
QUE MATERIAIS E TÉCNICAS DE BRANQUEAMENTO PODEM SER USADOS?
Excluindo de imediato os produtos de venda livre, pelas razões
enunciadas anteriormente, no que se refere às técnicas de
branqueamento executadas ou acompanhadas por profissionais
podemos distingui-las, de uma forma geral, com base nas
concentrações dos produtos químicos usados e na forma como
são aplicados. A concentração dos produtos ativos presentes
nos materiais de branqueamento pode variar num intervalo muito
amplo (cerca de 10 vezes), tal como a forma como são aplicados,
desde uma simples aplicação direta do material em casa pelo
próprio paciente ou usando uma goteira confeccionada por um
profissional e que se adapta rigorosamente aos seus dentes, até
à aplicação direta de forma mais intensa efetuada por clínicos
em ambiente de consultório. No primeiro caso utilizam-se
geralmente os produtos de menor concentração (o peróxido de
carbamida a 10% é o mais usado e estudado), por períodos variáveis
(desde 1 a 6 horas diárias) durante vários dias ou semanas. No
segundo caso usam-se produtos de maior concentração
(usualmente peróxido de hidrogénio) que, por essa razão, devem
ser aplicados por profissionais sob condições perfeitamente
controladas. Esta versatilidade de opções terapêuticas transporta-nos,
evidentemente, para a próxima questão.
QUAIS DEVEM SER USADOS?
A seleção da técnica a ser usada depende essencialmente das
condições clínicas do próprio paciente, das suas expectativas e da
rapidez pretendida no tratamento. Para além destas premissas,
deve ser o profissional a aconselhar a técnica mais correta sempre
com base na melhor relação eficácia/segurança. De um modo
geral, “o tratamento doméstico” com produtos de baixa
concentração, sob prescrição, instrução e controlo dos
profissionais, constitui uma técnica eficaz e segura a médio e
longo prazo. A utilização de produtos de maior concentração
efetuada por profissionais em ambiente de consultório, ainda que
eficaz, carece de estudos clínicos que suportem a sua segurança,
pelo menos em determinadas condições clínicas.
SÃO NECESSÁRIAS LUZES DE LASER OU DE OUTRO TIPO PARA BRANQUEAR OS DENTES?
Antes de mais importa esclarecer que as luzes não branqueiam os dentes. O que exerce um efeito branqueador são os produtos químicos aplicados em simultâneo. As luzes são usadas como forma de acelerar a reação química dos produtos na tentativa de tornar o processo de branqueamento mais rápido. Contudo, as luzes são geralmente utilizadas com produtos de maior concentração, que por si só já aceleram o processo de branqueamento, pelo que esta vantagem potencial pode não ser sequer clinicamente percetível, quando comparada à cor obtida com os mesmos produtos sem a aplicação de luz. Além disso, as luzes que geram calor, capaz de acelerar significativamente a reação química, podem ser contraproducentes em dentes vitais, na medida em que o aumento de calor poderá ser facilmente lesivo para a polpa dos mesmos.
QUEM PODE SER SUBMETIDO A UM BRANQUEAMENTO DENTÁRIO?
Em princípio, qualquer pessoa com um bom estado de saúde oral
pode efetuar um branqueamento dentário. Pacientes com
problemas dentários (nomeadamente lesões de cárie,
hipersensibilidade ou desgastes) e gengivais podem necessitar de
tratamentos prévios. Relativamente à idade, mesmo os jovens e
adolescentes podem efetuar branqueamentos, embora as
características anátomo-fisiológicas dos dentes nesta faixa etária
exijam cuidados especiais. Pessoas que possuam restaurações e
próteses na boca devem ser alertadas para a necessidade eventual
de substituição das mesmas no final do tratamento, de forma a
harmonizar a cor, na medida em que os produtos de branqueamento
não atuam na cor dos materiais que as compõem.
QUE EFEITOS SECUNDÁRIOS PODEM SURGIR?
De um modo geral os efeitos secundários, quer a nível dentário
quer a nível das gengivas, estão relacionados com a concentração
dos produtos, a forma como são aplicados e as condições específicas
de cada paciente. Os mais frequentes são a sensibilidade dentária
e algum desconforto gengival que usualmente desaparece com a
interrupção do tratamento. Contudo, a aplicação incorrecta dos
produtos químicos de maior concentração, com ou sem luzes
acessórias, pode provocar lesões mais graves e duradouras.
Em conclusão, existe hoje em dia uma panóplia de opções
terapêuticas que permitem cumprir de forma muito
satisfatória as diversas necessidades estéticas, cabendo
ao profissional informar o paciente relativamente à técnica
mais adequada, eficaz e segura para cada caso.
Aconselhe-se com o seu Médico Dentista.
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